Topa gravar um monstro?

Devo cobrar na gravação de monstros para publicidade?

Adriano Barbosa

6/18/20252 min read

Locução para "Monstro": Cobrar ou não cobrar? A resposta pode estar no seu relacionamento com a produtora

Dentro do universo da publicidade, é comum o surgimento de peças que têm como único objetivo apresentar uma ideia criativa ao cliente antes da produção final. Essas versões preliminares, muitas vezes chamadas de "monstros", são versões de demonstração, criadas apenas para ilustrar a proposta conceitual de uma campanha.

Para nós, profissionais de voz, a dúvida que sempre surge é: devo ou não cobrar para gravar um monstro?

A resposta, como em muitos aspectos da nossa profissão, não é absoluta. Ela vai depender de um fator essencial: o tipo de relacionamento que você tem com a produtora ou agência que está te solicitando essa gravação.

Entendendo o contexto

Um monstro não é uma peça definitiva. Ela pode nunca ir ao ar, pode nunca ser aprovada ou sequer sair da fase de apresentação. Na maioria das vezes, o cliente final nem sabe quem gravou. Por isso, muitas produtoras optam por trabalhar com locuções de demonstração feitas "na camaradagem", justamente porque estão correndo contra o tempo e contra orçamentos ainda inexistentes.

O peso do relacionamento

Se você já tem um histórico de trabalhos bem remunerados com aquela produtora, ou se ela já te considera um parceiro de confiança, fazer um monstro de forma colaborativa pode ser visto como um gesto de parceria. É o tipo de atitude que fortalece a relação comercial e, em muitos casos, pode abrir portas para futuros trabalhos maiores e remunerados.

Já se o pedido vier de um cliente com quem você nunca trabalhou antes, que não demonstra interesse em construir uma relação profissional sólida, ou que tem um histórico de só pedir "favorzinho", talvez seja o caso de estabelecer um valor simbólico para o serviço. Isso ajuda a manter o equilíbrio da relação comercial e valorizar o seu trabalho.

O que considerar antes de dizer sim ou não

Antes de aceitar ou recusar uma gravação de monstro sem custo, faça uma rápida reflexão:

  • Qual o histórico dessa produtora comigo?

  • Ela já me trouxe jobs pagos?

  • Há uma relação de confiança e parceria?

  • Sinto que esse pedido faz parte de um processo saudável ou é apenas uma forma de economizar sempre às minhas custas?

  • O prazo é algo viável dentro da minha rotina ou vai atrapalhar outros trabalhos?

Parceria inteligente

Vale lembrar: gravar um monstro de vez em quando, para quem valoriza o seu trabalho, pode ser um investimento de relacionamento. Muitas vezes, é esse tipo de disponibilidade que faz com que o seu nome seja o primeiro a ser lembrado quando a campanha for aprovada e o job oficial chegar.

Mas como tudo na nossa profissão, é importante ter clareza de limites. Parceria não pode virar regra de exploração.

Conclusão

Cobrar ou não cobrar por um monstro? Depende. Depende da relação, da confiança, da reciprocidade. Cada caso é um caso. Mas uma coisa é certa: saber avaliar cada situação com inteligência comercial e emocional pode fazer toda a diferença na sua trajetória como locutor.